sexta-feira, 14 de agosto de 2015

COLUNA DO HERÓDOTO - AFINAL DE QUEM ESTAMOS FALANDO?

O Zé sempre teve uma vida atribulada. Passou boa parte dela fora do Brasil e por isso pode assistir o confronto entre grandes nações. O desenvolvimento de uma nova ideologia que ameaçava as estruturas políticas, econômicas e sociais foram duramente combatidas pelos adeptos do antigo regime. Ainda assim a revolução caminhou e o Zé presenciou uma parte dela, talvez a mais cruel, quando muitos foram mortos acusados de anti revolucionários, proprietários de grandes latifúndios ou simplesmente porque estavam aliados aos interesses da potências estrangeiras. O Zé aproveitou a estada no exterior para aprimorar seus conhecimentos, especialmente a ideologia política que ele e seus amigos abraçaram. Conheciam pouco dela, mas o entusiasmo era grande uma vez que o sonho de todos era mudar o mundo e construir uma nova civilização.
A tradição política da família do Zé era conhecida e sua atuação na universidade constantemente fiscalizada pelos serviços de segurança do Estado. Enquanto seus amigos vivam de ilusão e arroubos políticos, Zé se concentrou em ser um planejador. Sabia que para que o projeto político fosse à frente era preciso ter visão estratégica e não se deixar guiar por um ou outro acontecimento de menor importância. Era preciso ter um norte. Para isso era necessário vasculhar a situação geo-política na qual o Brasil estava inserido. O quadro era de vigilância total para impedir movimentos revolucionários na América Latina. Outros já tinham ocorrido e o poder imperial desafiado por grupos locais que também queriam a liberdade, o fim dos terra tenientes, a distribuição de terras para o povo e se possível desenvolver uma indústria  essencialmente nacional que quebrasse a relação de eterno produtor de matérias primas e importador de produtos com alto valor agregado. Sem indústria nacional o país ficava à mercê dos que controlavam os preços nos mercados mundiais: sempre mais baixos para as commodities e mais alto para os manufaturados.
 O que poderia fazer o Zé contra as poderosas forças tradicionais e conservadoras que dominavam a nação? Simplesmente peitá-las seria suicídio, afinal  o exército estava bem armado para impedir qualquer desobediência. Fazer uma aliança estratégica com parte da classe dominante seria uma saída bem articulada , ainda que muitos dos seus companheiros não concordassem co isso e a qualificassem como traição. Organização, coleta de recursos, refúgio para os perseguidos, espaço para discussão dos rumos do movimento eram monitorados pela repressão e a única saída seria tratar de tudo isso em uma sociedade secreta, a maçonaria. Zé não hesitou e montou um plano que farias mudanças no governo do Brasil, é verdade que era muito pouco se comparado com o ideário político, mas alguém iria dizer que muitas vezes é preciso dar um passo para trás para dar dois para frente. Tornou-se ministro. Aliou-se com o príncipe regente e os liberais do Rio de Janeiro e São Paulo. Na primeira oportunidade Zé, ou melhor José Bonifácio de Andrada e Silva tomou as rédeas dos acontecimentos políticos e conduziu a colônia rumo a um país independente.
Fonte: Heródoto Barbeiro - Record News



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