segunda-feira, 9 de março de 2015

Os direitos do bandido

Nada a declarar. Vou usar o meu direito de ficar calado. Só falo na Justiça. Palavras de um bandido, ladrão, sequestrador, ao ser conduzido à prisão, em Belo Horizonte. Vi na televisão. Vi, também, na TV, bandido traficante de milhões em cocaína, preso depois de dois anos de trabalho da Federal, e solto pela Justiça. Uma amostra do quanto as nossas leis estão necessitando de uma revirada porque se esses direitos continuarem sendo invocados pelos marginais a criminalidade, a violência, vão continuar aumentando cada vez mais, em todos os cantos do país.

O meu direito... o direito que o marginal invoca cheio de razões e demonstrando que está muito bem orientado; é um direito que o cidadão de bem não tem. É um direito que não é dado ao pai de família honesto que sustenta os filhos à custa de trabalho e de muitos sacrifícios. O marginal, sim, tem de esconder o crime, de não mostrar a cara, de exigir boa comida na prisão, de exigir bom tratamento, de usar do direito de não falar, de não ser contrariado. Ai do policial que der uma palmadinha mais forte para exigir que ele fale, pois se isto fizer corre o risco de ser condenado por desrespeito aos direitos humanos. Antigamente não era assim e os crimes eram revelados na base do castigo. Era muito diferente e direitos humanos não existia para criminoso. Estou bem lembrado de um chefe de polícia do Ceará (no tempo em que eu ainda era menino) que ficou famoso por que bandido na sua mão não tinha nenhum direito, mostrava a cara e falava tudo o que sabia. Era tempo de seca nordestina e ele inventou o castigo da lata.

Os marginais eram obrigados a carregar latas d'água na cabeça para abastecer as prisões e alguns órgãos públicos da capital. Todo mundo aplaudia o general Cordeiro Neto (era este o nome dele e os cearenses mais antigos do que eu, estão lembrados), porque bandido naquele tempo não tinha vez.

A realidade hoje é outra, infelizmente. Bandido fala grosso (quando quer), dá entrevista na televisão com cara de santinho, e esconde a cara, quando quer. Se as coisas continuarem como estão, só vamos ter o direito de continuar atrás das grades de nossas casas, de deixar de andar nas ruas, de viver sem paz, sem tranquilidade. E os marginais sim, continuarão armados, roubando, assassinando, comandando suas gangues, usufruindo de seus sagrados direitos.

Fonte: Jornalista Ciro Pinheiro / Jornal Alto Madeira

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