quarta-feira, 11 de março de 2015

O HOSTEL

Bem, faço questão de dedicar um texto a este tema, que erroneamente me intrigava. Sempre quando viajava de férias com minha esposa, procurávamos nos hospedar em um bom hotel, bem localizado, bem confortável e com bom preço é claro!

Todavia, alguns amigos, na maioria solteiros e mochileiros, nos falavam de Hosteis, alguns elogiavam, outros criticavam, contavam historias inescrupulosas, lendas, mitos e muitas precauções, o bastante para me fazerem torcer o nariz para este tipo de hospedagem.

Prestes a viajar para Buenos Aires/Argentina , comecei a pesquisar por hosteis e demais habitações baratas para estudantes, como vi que seria difícil encontrar um apartamento, bom e barato de cara, o jeito era me hospedar em um Hostel.

Usei a internet para vasculhar preços, vi algumas fotos, localizações que me interessavam (perto do colégio e próximo do microcentro), enfim, endereços anotados, hora de começar a minha peregrinação custo x beneficio.

Não vou citar nomes, pois seria antiético da minha parte desqualificar os estabelecimentos alheios, mas como bom turismólogo que sou, posso avaliar com uma visão critica profissional e também com a visão de um simples hospede que procura o melhor para si.

Comecei com o Bairro de San Telmo, a três quadras da famosa feira que acontece aos domingos, o hostel era velho, com paredes que não sabiam o que era uma mão de tinta há anos, tudo descascado, tudo muito velho, escuro e muito sinistro, tinha proposta de valor mensal, mas o risco de me matar em uma profunda depressão no hostel era grande demais, melhor não!

Fui ao sentido de Recoleta, região próxima ao colégio , encontrei dois hosteis, antigos, como quase tudo nesta cidade, estes eram bem limpos e organizados, o preço também era acessível, não tinham proposta mensal, apenas semanal, e o de sempre wifi, área comum e cozinha para todos. Achei legal, mas ainda não estava no padrão que eu queria!

Entretanto, resolvi caminhar até o Obelisco, ponto turístico badaladíssimo da cidade, mal consegui enxergar onde era o hostel, porque era apenas uma porta pequena com uma placa minúscula e uma campainha a ser tocada, subi as escadas, tudo muito escuro, e quando cheguei lá em cima... bom... era melhor nem ter subido, o preço era uns 20 por cento mais em conta do que a maioria dos outros que havia visitado, mas sinceramente, acredito que o presidio estadual de minha cidade deve ser um lugar melhor para se habitar do que este hostel, fedor, banheiros sujos, quartos com 16 camas ou mais, homens e mulheres em quartos mixtos, povo mal encarado, homens sem camisa no sofá (que de veras, estava encardido), e pra completar uma atendente mais grossa do que parede de igreja. Sem chance!

Entre um trajeto e outro encontrei um hostel que era de uma franquia que existe na américa latina, o ambiente era bem limpo, saudável, tinha preço bom, atendimento bom, tinha ate bar e mesa de bilhar para se divertir, mas era enorme, tinha um entra e sai de gente tremendo! Fui ver um quarto com 16 camas, meu Deus, como dormir assim, no meio dessa bagunça!

Enfim, estava hospedado em um hotel no microcentro, bem perto da rua Florida, minha reserva já estava por acabar e havia a necessidade de se mudar logo! Fui almoçar em um restaurante antigo que tem mais de cem anos e eu já havia frequentado com minha esposa nas nossas férias, ao sair, notei que havia uma porta com duas luminárias onde havia escrito hostel, pensei, não custa nada subir as escadas e perguntar, de cara encontrei um ambiente salutar e familiar, ambiente limpo, 'wifi 'com ótima qualidade, chuveiro quente, café da manha bom e quartos apenas com oito camas. Ah, mas estou esquecendo...uma raridade que fez toda a diferença na minha escolha...Tem ar-condicionado e ventilador nos quartos!!! Haja vista que no verão, BA é mais quente que qualquer praia brasileira! O ambiente é bem jovial, sempre tem uma música pop tocando na área comum do hostel. O dono é um jovem empreendedor assim como eu, e como esta sempre lá trabalhando, foi possível negociar um preço direto com ele. O preço ficou ótimo. Não tive duvidas, fiz meu chek-in e entrei logo de mala e cuia! (Na verdade só de mala, ainda não tinha comprado a cuia).

A CONVIVÊNCIA EM UM HOSTEL
Na época que eu estudava turismo, a tendência de hotéis foi explodindo mundo afora, já eram comuns na europa, normalmente eram chamados de albergues. Hostel nada mais é do que um Hotel onde se divide o quarto com outras pessoas, sai barato para quem se hospeda e lucrativo para quem empreende.

Cheguei bem desconfiado, com medo, cabreiro!!!! Tranquei minhas coisas com um cadeado em um armário dentro do quarto e tirei um cochilo pela tarde para sentir o clima, dormi tranquilo, não escutei muito barulho, comecei dividindo o quarto com dois estudantes brasileiros, fato este que me deixava bem mais a vontade.
Os dias foram se passando, volta e meia ia chegando mais gente, de todas as idades e nacionalidades, alguns cozinham, principalmente os venezuelanos (e que pratos lindos e bem aromáticos que fazem!)

Mas o aprendizado maior que tive foi o fato de conviver socialmente e respeitosamente com as mais diversas culturas e nacionalidades, isso é realmente fantástico, não há intercambio melhor que este. É possível aprender idiomas, pois há a necessidade de se comunicar e assim então íamos misturando tudo, como em uma conversa com um belga... "A mí me gusta watching" novela do Brasil.... RSRSRS e assim por diante!

Achei muito legal conhecer um chef de cozinha jovem e recém formado, ele deu até uma sugestão para o dono...falta una parrillera en la cocina! (falta uma churrasqueira na cozinha) , até me alistei como voluntario caso ele quisesse colocar esse projeto em pratica! RSRSRS

Acho incrível o respeito ao próximo, aos desconhecidos, noto que todos se esforçam para fazer silencio, não bater portas , não fazer muito barulho de manha cedo e a noite, e ate aqueles que vão para as farras noturnas, entram pé por pé, bem discretamente. Alguns gringos deixam cartão de credito em cima da mesa, roupas em cima da cama, celulares de ultima geração carregando e não vi ninguém mexer no que é alheio! 

Lógico, não abuso da sorte, preferi continuar desconfiado e passando o cadeado no armário sempre! Confesso, tinha uma visão muito errônea e distorcida sobre este tipo de convivência, achei que iria demorar muito para me adaptar, mas pelo contrario, logo me senti em casa, mesmo estando fora de casa!

Fonte: Edy Wylot - E-mail: chefedywlot@gmail.com - Buenos Aires/Argentina

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