domingo, 7 de dezembro de 2014

Caminho para a inclusão

Professores desmotivados, despreparados e até agredidos pelos jovens. Currículos desligados das aspirações dos alunos. Pais ausentes do processo de educacional dos filhos. Descaso pela qualidade da gestão escolar e indicações políticas sem critérios de mérito para cargos de direção. Elevado volume de desvios de verbas apurados pelo Tribunal de Contas da União. Essas são algumas das linhas que configuram um dos mais preocupantes gargalos do desenvolvimento nacional: a precária qualidade do ensino, que compromete o presente e ameaça o futuro do País. Não houvesse outros motivos, bastaria o impacto da escolaridade no processo de inclusão e ascensão social das camadas menos favorecidas da sociedade, para tornar a questão educacional uma das prioridades centrais dos governantes que tomarão posse no início do próximo ano.

Para corrigir a degradação do sistema de ensino - um universo de 27 Estados, 5.570 municípios, 50 milhões de alunos e 5 milhões de funcionários distribuídos por 200 mil escolas do Ensino Fundamental e Médio -, um bom começo fosse o resgate da figura do professor. Entre 2012 e 2013, houve uma queda de 22 mil concluintes dos cursos de licenciatura, segundo o Censo do Ensino Superior divulgado pelo Ministério da Educação.

 Além de prejudicar a qualidade de ensino, as reconhecidas deficiências da gestão escolar, também são fator de desestímulos, pois aqueles professores mais interessados e motivados se veem privados, de boas condições para exercer seu ofício. Primeiro ponto a receber crítica dos especialistas: a prevalência de indicações políticas para cargos de gestão, quase sempre sem respeito a critérios de competência ou formação profissional.  Dois recentes editoriais deste jornal colocam o  dedo na ferida, ao afirmar que a má qualidade do ensino não se deve - como muito se fala - à escassez de recursos. Se ainda havia dúvida quanto a isso, ela seria eliminada pelo volume de dinheiro distribuído pelo Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) a Estados e municípios que não têm recursos para bancar o investimento mínimo de R$ 2.285/aluno. De 2007 a 2013, as verbas do fundo saltaram de R$ 67 bilhões para R$ 116 bilhões descontada a inflação e tendo como destino pagamentos dos professores, compra de equipamentos e manutenção das atividades básicas, como transporte e merenda. Apesar da fartura de reais, a  maior parte dos Estados beneficiados com fatias do bolo da Fundeb, não atingiu a média nacional do Índice de Desenvolvimento do Ensino Básico (Ideb).

Fonte: Ruy Martins Altenfelder Silva /  Jornal Diário da Amazônia

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