quinta-feira, 9 de outubro de 2014

OPINIÃO DE PRIMEIRA

LEIS, REELEIÇÃO, MUITA ELEIÇÃO: TEMAS NÃO DEBATIDOS

Há questões que precisariam ser debatidas mais profundamente nesta eleição. Mas, é claro, a prioridade é correr atrás do voto, ao invés de discutir questões que, no fundo, o povão também não está dando bola. Os casos da reeleição dos governantes; de eleições a cada dois anos (a um custo fantástico) e da legislação eleitoral que, em alguns aspectos, parece ter sido produzida numa ditadura, precisam ser aprofundados. A reeleição é uma anomalia, porque dá a quem está no poder enorme vantagem. O governante discursa como candidato, mas decide e governa; é exposto na mídia - seus opositores não -  e, contra si, somente só terá uma eventual má administração ou um governo recheado de erros. Os que querem o poder saem em nítida desvantagem, até porque é ingenuidade imaginar que a máquina pública não gira para manter quem a comanda, seja onde for e em que cargo estiver sendo disputado. Eleições a cada dois anos também se tornaram um exagero inominável. Move-se uma máquina gigantesca, envolvendo milhões de pessoas (neste ano, mais de 2 milhões de brasileiros se envolveram de uma forma ou outra na organização e no dia da eleição do primeiro turno), a um custo altíssimo, como se fazer disputa eleitoral a cada 24 meses fosse prioridade máxima neste país. Qualquer um que conheça um pouco dos nossos problemas sabem que as prioridades devem ser bem outras.
Por fim, há que se mudar a legislação eleitoral. Antes, havia grande liberalidade. Agora, ser candidato é quase confessar um crime. A lei saiu do contexto em que tudo podia para o extremo oposto, sem passar pelo meio termo, que, aliás, sempre concretiza o caminho do bom senso. Enfim, a eleição está passando e nem esses e nem outros grandes temas importantes estão na pauta. Perdemos tempo demais e avançamos pouco, por isso mesmo...
 DOIS LADOS DA BALANÇA - Dias de decisão. Confúcio Moura e Expedito Júnior dão duro, principalmente nos bastidores, para o fechamento das alianças para o segundo turno das eleições em Rondônia. Empatados nos números absolutos (35% dos votos válidos para cada um), a etapa das negociações políticas pode fazer a balança pender para um ou outro lado. Os tradicionais aliados do PSDB andam conversando muito com Expedito. Já petistas e outros antigos parceiros do PMDB também estão de papo com Confúcio. Já há acordos fechados, mas ainda não divulgados.
 BENÇA É CAMPEÃO - Homenageado pelo governador Confúcio Moura em seu Blog ("o Só Na Bença foi o grande campeão de votos, este ano, nas eleições para deputado estadual do PMDB", escreveu), o novo deputado rondoniense teve 11.019 votos. Não seria muito, se ele não fosse representante de  Primavera de Rondônia. Nem que todos os eleitores menos de 4 mil eleitores da cidade votassem só nele, sem nenhuma exceção, ele se elegeria. Fez votos em toda a região, incluindo Ariquemes. Sem dinheiro, sem estrutura e sem carros.
 MAIOR VOTAÇÃO - Juracy Barbosa Moreira, de 52 anos, já tinha entrado para a história das eleições de Rondônia em 2008. Ele foi o vereador mais votado, proporcionalmente, em todo o Estado. Teve , sozinho, 16,29% de todos os votos de Primavera de Rondônia,. Percentualmente, é um número impressionante. Mas a verdade é que ele fez 466 votos, quando 2. 945 eleitores compareceram às urnas. Mas no percentual, acabou sendo citado até em notícias nacionais. Em 2010 foi candidato a Prefeito da sua cidade, mas não se elegeu. Agora, é uma das caras novas da Assembleia.  
 PERIGO NO AR - Os números finais da eleição para os governos estaduais e o Congresso, certamente assustaram o comando nacional do PT. Com exceção de Minas Gerais (ironicamente, a terra de Aécio Neves) e a Bahia, além de alguns outros estados do Nordeste, os candidatos governistas foram mal. Em São Paulo, terra onde nasceu o partido, foi uma lavada nas urnas. O candidato petista não passou dos 18% dos votos e o tucano Alkmin se reelegeu com uma mão nas costas. O PT está com problemas, em praticamente todo o país. Desse jeito....
 MUDANÇAS NA CÂMARA - Bosco da Federal, que sempre teve atuação política destacada quando assumiu, mesmo que por curtos períodos, uma cadeira na Câmara Municipal de Porto Velho, está voltando a ela. Oficialmente, a partir de janeiro, mas pode ser até antes. Assume a vaga de Léo Moraes, que se elegeu deputado. Outro que ganha assento na Câmara é Júnior Siqueira, suplente do também agora deputado Aélcio da TV. Jurandir Bengala será o novo presidente da Casa, já eleito, mas que assume só em janeiro do ano que vem.
 PARA FRENTE E PARA TRÁS - A cada eleição, renovam-se as esperanças. Mas ainda há nichos de resistência ao atraso, como os mais de 1 milhão de votos para Tiritica e quase 650 mil para o ultradireitista Jair Bolsonaro. Elegeram-se ainda muitas figuras ridículas, que certamente só vão trazer desgosto para os brasileiros. Mas chegam ao poder, também, grandes personagens, que podem começar a depurar o que está estragado na política. Vamos indo em direção a uma democracia mais sólida, mas um passo de cada vez. Às vezes, três para a frente e dois para trás, mas, mesmo assim, vamos levando...
 PERGUNTINHA - Depois do fiasco em várias regiões do país, incluindo Rondônia, você ainda acredita nas pesquisas eleitorais que o Ibope realiza?
Fonte: Jornalista Sérgio Pires

Nenhum comentário:

Postar um comentário