domingo, 12 de outubro de 2014

O que é pecado original

Encontro todos os dias pessoas que me perguntam: 'padre', o que é o pecado original" Por que pecado original? A gente tem muita confusão na cabeça a respeito disso. Inclusive, quando os filhos nos perguntam sobre isso, não sabemos dar respostas exaustivas. E sim, o que é, afinal, tudo isso? Vou tentar, nesse breve espaço, dar uma resposta que possa ajudar a compreender melhor esse argumento tão profundo da nossa vida. Veja bem, nós estamos acostumados a pensar que, entre os seres humanos, existe uma espécie de solidariedade no mal, portanto, a humanidade tem essa dimensão do mal que é transmitida desde o nascimento.

Por um lado, isso revela uma verdade. Mas não podemos esquecer que o ser humano, antes de uma solidariedade no mal, tem uma solidariedade no bem. Isto significa que começar a reflexão pelo mal não é correto. É uma impostação errada da questão. A Igreja nos ensina que cada pessoa, que nasce nesse planeta terra, é querida e amada por Deus. Esse é o ponto fundamental. Todo ser humano é fruto do amor de Deus, que se serve dos pais para dar a vida. O mesmo  Deus intervém para doar a alma à criatura humana que o difere dos animais. Além do mais, o ser humano recebeu de Deus os dons naturais, isto é, a razão , um corpo, a capacidade de amar etc. No entanto, também na origem recebeu os dons sobrenaturais que depois perdeu por causa do pecado.

A narração do pecado de Adão e Eva quer nos demonstrar como nascem os pecados pessoais, que são a rejeição da própria condição de filhos e filhas para querer ter a condição de Deus, do Criador. O que significa isso? Que o ser humano quer declarar sua superioridade e, portanto, pensa que pode decidir tudo, isto é, que tem o poder de dizer aquilo que é o bem e o mal. Aquele fruto proibido pertencia, justamente, a árvore do bem e do mal. Quem decide é Deus. No entanto, Adão e Eva o que fizeram? Tomaram o lugar de Deus. Aqui está a raiz de todos os pecados, daqui se originam os pecados. Por isso se chama o pecado original.

Rejeitando a Deus, o ser humano perde o paraíso e, assim, torna-se pobre. É daí que são geradas todas as calamidades humanas, como diz a Bíblia, provocando o dilúvio universal e a necessidade de recomeçar tudo de novo. Essa é a história famosa de Noé. Também a narraç~]ao da Torre de babel (Gn 11,1-9), onde os seres humanos pretendiam subir ao céu para tomar o lugar de Deus. Tudo isso cria confusão na humanidade. Essa desobediência a Deus gera o pecado, e, portanto, o pecado não vem de Deus, mas é fruto do ser humano. Perante tudo isso, Deus não quer perder a melhor obra que ele fez e toma a iniciativa de caminhar com ele. Como? Constitui um povo, o povo eleito de Israel, para que um dia nascesse o Messias, destinado a ser o Salvador de toda a humanidade.

De fato, em todo o Novo Testamento está bem claro que Jesus Cristo é o Salvador universal que executa o projeto do amor de Deus. Então, é mais que evidente que todos os seres humanos são pecadores e precisam de salvação, e somente Deus pode dar isto: "Por isso, como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim a morte passou a todo o gênero humano, porque todos pecaram (Rm 5,12). "Assim exalta a obra de salvação realizada por Jesus a nosso favor. Dessa forma, confirma que a condição de pecado é realmente universal na história, desde o começo da humanidade. Portanto, se existe uma universalidade na história, desde o começo da humanidade. Portanto, se existe uma universalidade de pecado existe também uma universalidade da salvação.

Interessante o que nos diz o famoso pensador Pascal, imaginando um diálogo com Deus:  "O Senhor diz: 'Se tu conhecesses os teus pecados tu desanimarias'.  E o homem responde: 'Então, desanimarei com certeza, Senhor." E o Senhor de novo: 'Não, porque os teus pecados te serão revelados somente no  momento em que te serão perdoados." Isto nos mostra como a graça de Deus é superior a qualquer pecado do ser humano. Concluindo, podemos dizer que o pecado do primeiro homem tem efetivamente uma relação com os pecados pessoais, no sentido de que isto abriu o caminho para uma condição de mal, que se agravou no percurso histórico humano.

Fonte: Autor do Texto - Claudio Pighin / Sacerdote, jornalista italiano naturalizado brasileiro, doutor em teologia, mestre em missiologia e comunicação - Jornal Alto Madeira

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