terça-feira, 5 de agosto de 2014

Dízimo - Gesto de Gratidão

"Como o ramo não pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na videira, assim também vós não podereis dar fruto se não permanecerdes em mim". 
                                                                                                                                                (Jo 15,4b).

Para ser dizimista? Certamente você já ouviu falar em Dízimo. Uns o compreendem como uma obrigação devida a Deus: "Se eu não pagar o Dízimo, Deus me castiga". Outros dizem: "eu preciso limpar  meu nome com a comunidade". Há também pessoas que falam: "já ajudo nas campanhas procurando ser generoso, como pede Jesus; para que ser dizimista?" Podemos correr o perigo de cultivar, mesmo sem o saber, a imagem de um Deus cobrador, castigador, que olha quem "paga" e rejeita os que não o fazem. Ao participar da comunidade e ao ser dizimista, preciso levar em conta, aprofundar e questionar qual é a imagem de Deus que está em meu coração: É o Deus a quem peço favor? É o Deus do medo, do castigo? Ou o Deus do Amor e da Misericórdia?

É nosso objetivo, antes de tudo, ajudar para que possamos tomar consciência e acreditar que o Deus de Jesus Cristo é rico em amor e misericórdia e ele nos convida a viver em comunidade, como membros ativos, desde o o nosso Batismo. Então, sou chamado a dar sinais de que pertenço a essa comunidade eclesial, dela participando e nela assumindo responsabilidades menores ou maiores e, entre elas, a responsabilidade de ser dizimista. O objetivo do dízimo não é apenas angariar recursos financeiros, mas despertar a consciência devota do fiel, isto é, que ele desenvolva a consciência de devolver gratuitamente a Deus parte de tudo que Ele lhe deu.

Um texto bíblico que nos ajuda a crescer na imagem de Deus é o dos dez leprosos (Lc 17,11-19). Assim como há corações e mentes agradecidos, existem também corações e mentes ingratos. Percebemos que a gratidão não é um sentimento, pois todos os dez leprosos sentiram-se agraciados, entretanto apenas um teve a consciência reconhecida daquilo que lha havia acontecido e por isso se pôs em atitude de agradecer. Este único, mais do que sentir a graça, se sentiu comprometido perante sua consciência a reconhecer o que havia acontecido consigo. Ninguém o obrigou a isto, nem o próprio Deus. A atitude que levou aquele único curado da lepra a voltar foi de gratidão e de obrigação. Portanto, ninguém deve se sentir legal ou juridicamente obrigado a devolver o dízimo. O que se deseja é a passagem da mentalidade do pagamento para a consciência da devolução em sinal de gratidão que nasce da fé. Sendo assim, ser dizimista é uma questão de  fé.

"Quem cada um dê conforme tiver decidido em seu coração, sem pesar nem constrangimento, pois 'Deus ama quem dá com alegria'""   (2Cor 9,7).

Um testemunho: 
Maria Tereza, desde criança no interior de um seringal da Amazônia, observava que a mãe sempre fazia questão de levá-la junto com os irmãos/as ao lugar chamado Colocação, pois ali havia famílias que se reuniam para rezar.

Lá eles partilhavam tudo aquilo que possuíam: farinha, banana, castanha; sem nunca deixar de agradecer, pois acreditavam que tudo aquilo era fruto do grande amor do Pai para com o seu povo. Ali, todos eram analfabetos, mas possuíam a sabedoria que vem de Deus.

Logo que a família saiu do seringal e mudou-se para uma pequena cidade, passou a participar da comunidade e lá dona Madalena ouviu falar pela pela primeira vez do Dízimo. Na hora, não entendeu nada e nem perguntou por vergonha.

Num domingo após a celebração, ouviu o padre dizer que a equipe do dízimo estava acolhendo a devolução do dízimo dos fiéis e encaminhou-se para a sala. Lá, a Pastoral do Dízimo fez uma pequena catequese a e ela não teve dúvidas, passou a ser dizimista mesmo não tendo nenhuma renda fixa.

Ma cidade, dona Madalena passou a vender açaí, bolo de macaxeira... e ajudava o marido financeiramente nas despesas da família. Algumas vezes faltava até para o arroz e o feijão; os filhos chegavam a comer só farinha, mas ela não deixava de devolver o dízimo, pois acreditava e confiava no amor de Deus que não abandona seus filhos.

Um dia, dona Madalena recebeu um triste diagnóstico; estava com câncer. No momento de desespero da doença chorava perguntando a Deus porque havia deixado de amá-lo e permitido a ela tão grave doença, pois não podia custear as despesas médicas, mesmo com a ajuda dos filhos.

A comunidade percebeu que aquela mulher que durante toda a sua vida confiou no amor de Deus, deveria continuar confiando. As orações e o carinho de todos deram força para dona Madalena e, num gesto de amor, todos se uniram para ajudá-la financeiramente durante o tratamento. Assim, ela teve uma experiência profunda do amor de Deus e logo a aflição passou e dona Madalena dizia que o amor de Deus permanecemos vivos para sempre.

Razões para ser dizimista:

  1. O dízimo é o reconhecimento de que tudo pertence a DEUS. Contribuir com o d´zimo é reconhecer que tudo o que somos e temos, tem um único dono: DEUS. Tudo, na verdade, pertence a ELE. Nós apenas administramos o que Dele recebemos.
  2. Contribuir com o dízimo é uma atitude de amor, que brota do coração de quem sabe ser grato para com Deus. O dízimo perde a sua razão de ser, quando ofertado por obrigação, medo, interesse ou superstição.
  3. O dízimo é partilha que vence o egoísmo. Contribuir com o dízimo é abrir o coração e a vida, partilhando o que se tem, mesmo quando se tem pouco. O egoísta não sabe ser grato e nem conhece o valor e a alegria da partilha.
  4. Contribuir com o dízimo é participar da grande missão da Igreja, a evangelização. Quem devolve o dízimo, com consciência e fé, torna-se missionário evangelização. Quem devolve o dízimo, com consciência e fé, torna-se missionário evangelizador. O próprio ato de contribuir com o dízimo, já é um ato missionário evangelizador.
  5. Pelo dízimo, a comunidade celebra a vida e a fé. Contribuir com o dízimo é ajudar a manter e cuidar da Igreja, a casa de oração da comunidade. Com a devolução são comprados os paramentos litúrgicos, material de limpeza; paga-se água, luz, telefone, funcionários, realizam-se reparos/manutenção e constroem-se novos espaços como salas de catequeses, local para reuniões novas comunidades...
  6. Pelo dízimo, a comunidade se torna catequizadora. Contribuir com o dízimo é assumir o compromisso de instruir na fé as crianças, os adolescentes, os jovens e os adultos. Quem dá o dízimo, auxilia na aquisição de manuais de catequese, livros de formação e materiais como papéis A4, pincéis, cartolina, etc. Uma comunidade dizimista é uma comunidade catequizadora e que cuida, de modo especial, da formação permanente de suas lideranças.
  7. Contribuir com o dízimo é colocar-se à disposição dos mais pobres, vendo neles o próprio Jesus. Em cada comunidade, um aparte do dízimo é aplicada em favor dos mais pobres, eles têm direito ao nosso amor e à nossa solidariedade.
Procurando seguir Jesus Cristo com o seu coração voltado para Deus e para a comunidade, o Dizimista:
  • aprende a reconhecer o amor de Deus em sua vida, na vida da família, no seu trabalho profissional realizado de forma honesta, na vida da comunidade eclesial, nas outras pessoas também.
  • faz a experiência de que Deus é sempre fiel para cada um de seus filhos e filhas e pede a graça da fidelidade ao seu projeto.
  • toma consciência de que, como filho (a) de Deus, é chamado a fazer parte de uma comunidade eclesial e sente a alegria em participar dela como sinal de sua pertença.
  • manifesta, especialmente através do Dízimo oferecido de forma regular, sua gratidão a Deus.
  • demonstra que a devolução que faz do Dízimo brota do seu coração agradecido.
  • sabe que, com o seu dizimo, ajuda a manter não só as comunidades de sua Paróquia, mas também a Diocese e o Seminário das 35 dioceses mais pobres do Brasil.
  • sente-se alegre em poder viver o sentido missionário, ois o trabalho de evangelização não se esgota em uma comunidade, nem tão pouco em acompanhar as pessoas que dela já particpam.
Oração do Dizimista
Recebei, Senhor meu Dízimo! Não é uma esmola porque não sois mendigo. Não é uma contribuição porque não precisais. Não é o resto que me sobra que Vos ofereço. Esta importância representa, Senhor,meu reconhecimento, meu amor. Pois, se tenho, é porque me destes. Amém.

Para rezar e refletir pessoalmente, com a família e com outras pessoas também:
  1. Ler e meditar o texto referente aos dez leprosos; L 17,11-19.
  2. O que você destaca nessas palavras acima como pontos mais importantes?
  3. Há nelas algumas novidades para você a respeito do dízimo? Qual?
  4. Você já é dizimista? Como tem sido essa experiência?
  5. Você ainda não é dizimista? Esse folheto ajuda a esclarecer sobre a importância do Dízimo e o seu sentido? Você já se sente motivado a assumir o dízimo? Bondade procurar a secretaria da paróquia ou a equipe do Dízimo.
  6. Se há necessidade de algum esclarecimento a mais, bondade conversar com o Padre da paróquia ou com a equipe do Dízimo da Comunidade.
Fonte: Arquidiocese de Porto Velho-RO - Avenida Carlos Gomes, 964

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